quinta-feira, 21 de maio de 2009

Diferença X Desigualdade

Atualmente é percebível a nível educacional, uma desproporção muito grande entre a educação escolar na cidade e no campo, em todos os seus aspectos.
Inicialmente já existe uma grande diferença, o contexto sociocultural e histórico, e também os espaços físicos se distinguem, pois a escola no campo está situada numa área distante da urbanização, possui uma cultura toda voltada pro cotidiano, hábitos e crenças rurais, e toda uma sociedade baseada nessa cultura. Essa escola tem que está inteiramente coerente com essa cultura e essa sociedade, para que os cidadãos do campo promovam educação e crescimento pro seu lugar de origem, sem perder suas raízes.
Já a escola da cidade, está situada logicamente em um espaço urbano, onde possui todo um contexto sociocultural e histórico diferente do rural, onde há mais desenvolvimento, há mais investimento por parte do país, há uma maior concentração de pessoas, etc. Então a diferença desses aspectos nessas duas educações escolares é gritante.
Porém essas diferenças promovem desigualdades. Pois primeiramente a área rural do Brasil carrega um legado histórico de descaso por parte das políticas de desenvolvimento deste país, onde esse descaso também atinge e muito a educação, o que promove uma educação precária e irregular para aquele contexto.
O investimento na educação urbana é consideravelmente maior que na área rural, e isso provoca uma padronização da educação urbana, a qual o governo tenta implantar no meio rural, causando assim uma incoerência entre o contexto e a educação, o que proporciona uma educação medíocre para a sociedade do campo.
A sociedade urbana é educada em prol dos seus valores, em prol do seu crescimento, em prol da sua cultura. A sociedade do campo é educada em prol dos valores da cidade, do crescimento da cidade, da cultura da cidade, e em prol desse campo, não existe educação. Isso está ridiculamente errôneo e desigual.
O Brasil tem que acordar e perceber que o campo precisa de investimentos, para poder se desenvolver. Mas não pra se tornar urbano, mas pra ter boa qualidade de vida social, educacional e política de acordo com suas origens, sempre sendo e tendo orgulho de ser CAMPO!

sábado, 9 de maio de 2009

O Poder de uma Biblioteca

Biblioteca Pública! Será que as pessoas pensam e refletem sobre o que é uma biblioteca pública, qual o seu papel na sociedade? No Brasil existem vários problemas não solucionados nas bibliotecas públicas, existe o descaso, a falta de profissional adequado (bibliotecário), a falta de atualização de acervos, etc. Algumas bibliotecas são apenas depósitos de livros.
Porém a biblioteca pública, como espaço de informação tem um poder imenso. Luiz Milanese (1989) afirma que existem três forças que aparentemente poderiam oferecer qualquer forma de resistência à integridade do sistema: a escola, os meios de comunicação e a biblioteca como centro de informação. Mas na sociedade em que vivemos, o sistema econômico denominado capitalista molda os aparelhos ideológicos a seu favor.
A escola é uma das primeiras instituições a se adequarem formalmente ao sistema, se pondo a serviço e em prol do seu crescimento, por mais que haja docentes que no currículo oculto tentam conscientizar os seus discentes e desordenar essa ordem. Os meios de comunicação também sofrem uma censura, ou autocensura em relação às informações divulgadas, pois eles dependem do apoio do sistema para se manterem.
Já a biblioteca púbica possui uma maior liberdade ideológica, adquirindo ao seu acervo as mais diversas e antagônicas informações. E é essa característica que inicialmente caracteriza a biblioteca pública como um espaço que detém um poder ideológico imenso. Porém essa característica deve se fundir a alguns objetivos que concretizarão esse poder.
Um dos primeiros objetivos, e um dos principais é transformar a biblioteca em um centro de informação. Quando se pensa em biblioteca, automaticamente faz-se uma analogia a um amontoado de livros que geralmente atendem a um público especifico – os estudantes. Esse é o caso da Biblioteca Municipal Dr. Hermenito Dourado da cidade de Irecê, em que dentre 2600 usuários cadastrados, 98% a 99% são estudantes do nível básico da educação e de cursos superiores, principalmente Pedagogia.
Essa delimitação do público e do papel da biblioteca, a deixa neutralizada perante um poder político e deixa assim de intervir na sociedade. Porém ela como um espaço de informação, em que há a circulação das informações, que ativa uma política de atração para diversos públicos (inclusive os iletrados), que permita que o público tenha uma leitura do mundo, como supõe Paulo Freire, promove uma conscientização no cidadão e concomitantemente uma maior autonomia para exercer sua cidadania e intervir na sociedade.
Esta biblioteca deve atender a demanda de toda a população, e que esta demanda não seja ligada somente a livros, mas também a vídeos cassetes, DVDs, CDs, a discussões ou palestras, ou seja, a um acervo que viabilize a informação de qualquer cidadão.
Segundo Milanese (1989), um serviço que informa é essencialmente transformador, e as informações com freqüência, agridem, desalojam e desordenam. Então o ato de informar atinge o seu objetivo máximo quando muda o comportamento do informado, fazendo com que este usufrua da cidadania atuando conscientemente em sua sociedade.
Aqueles que penetrarem num espaço de informação (biblioteca pública) receberão inúmeros estímulos para que revejam, reflitam e repensem o próprio pensamento, o que faz desse espaço uma escola para aqueles que não a tem mais ou nunca a tiveram.
O objetivo dessa Biblioteca Pública é a formação de um individuo informado, que tem maiores condições de fazer prevalecer seus objetivos e os de sua classe.